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Como explorar a corrida de orientação e o trekking na educação física escolar ?

Use percursos com obstáculos e traçados desafiadores e revele aos estudantes uma maneira diferente de praticar a corrida como esporte.

Não há tempo a perder! O raciocínio precisa ser veloz. Depois de dar uma olhada no mapa e na bússola, a ordem é seguir para o próximo ponto, vencendo os obstáculos, até completar todo o trajeto no menor intervalo de tempo possível. Essa é uma cena típica da corrida de orientação, criada em 1918 pelo major sueco Ernst Killander (1882 -1958), que chegou aos quartéis brasileiros na década de 1970 e depois de dez anos conquistou os membros da sociedade civil.

Geralmente praticada em meio à natureza, a atividade guarda semelhanças com o trekking, um esporte de aventura. Em ambos, os participantes devem escolher a melhor rota para percorrer um terreno pouco conhecido e cheio de obstáculos e passar pelos postos de controle antes de cruzar a linha de chegada. Porém, na corrida de orientação, a luta é contra o relógio e a disputa é individual e no trekking os competidores são divididos em equipes e as regras ditam que vence quem mais se aproximar do tempo estipulado de duração da prova.

Convidar os estudantes para conhecer as duas modalidades nas aulas de Educação Física é uma maneira interessante de investir na ampliação do universo cultural esportivo deles. "Uma das primeiras descobertas da garotada é que correr é algo mais abrangente do que o proposto na corrida de velocidade e que vencer nem sempre significa chegar em primeiro lugar", diz Fabio DAngelo, coordenador pedagógico do Instituto Esporte e Educação e selecionador do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10. Ele também enfatiza a validade de planejar aulas sobre corrida de orientação e trekking para ir além dos esportes coletivos tradicionalmente praticados na quadra da escola: vôlei, futebol, basquete e handebol. "Quando questionadas, as próprias crianças demonstram conhecer vários esportes, como os de aventura. Então, qual a justificativa para não levá-los à quadra?", ele questiona.

Definir o trajeto e os obstáculos é parte da aprendizagem

À primeira vista, pode parecer complicado realizar essas modalidades na escola porque originalmente o local da prática é a natureza e é preciso ler mapas e usar a bússola. Contudo, a corrida de orientação e o trekking são adaptáveis às instalações da escola (tenha ela quadra esportiva ou não) e ao entorno dela (leia a sequência didática sobre a corrida de orientação).

Paulo dos Santos, professor de Educação Física da EM João Urbano de Figueiredo Filho, em Varginha, a 317 quilômetros de Belo Horizonte, por exemplo, usou as redondezas da escola, na zona rural do município, para ensinar a corrida de orientação aos estudantes de 2o ao 5o ano. O percurso definido pelo grupo reunia cachoeiras, lagos e muita área verde. Para quem leciona em áreas urbanas, o pátio e as salas de aula são opções para fazer parte do trajeto a ser percorrido pela garotada. Aliás, quanto mais desafiante o percurso (ao envolver ambientes diferentes), melhor, porque as crianças precisam pensar em estratégias para determinar o que têm de fazer para vencer determinado obstáculo, o que estimula o desenvolvimento do raciocínio lógico delas e faz com que pensem como usar o corpo da forma mais eficiente.

Antes de colocar o grupo em campo, é importante planejar aulas para que todos participem da escolha do percurso e da confecção dos mapas. É parte da aprendizagem analisar o espaço, selecionar obstáculos (como cones, bancos e cordas) que possam ser enfrentados (e vencidos) e elaborar as regras. Para isso, basta uma planta baixa da escola ou um desenho feito pelo professor que apresente parte do prédio.

É possível orientar os competidores com inscrições no mapa, como setas, as palavras "direita" e "esquerda" e o total de metros. A bússola não é essencial, mas seu uso pode incrementar o trabalho de localização. Na EM João Urbano de Figueiredo Filho, os alunos convencionaram que 16 passos valiam 10 metros. Uma conclusão como essa confirma a Educação Física como uma área do conhecimento com uma imensa gama de cultura corporal e não um espaço para o simples exercício de aptidões físicas.

Fonte: Revista Nova Escola.com.br

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