Aeróbios antes ou depois da musculação?
Uma das dúvidas ainda comum entre os
freqüentadores de academia
de ginástica ou mesmo de quem vai procurar um treinamento personalizado é
com relação ao confronto das atividades aeróbias com a musculação. O
que fazer primeiro? Depois da musculação prejudica o trabalho de
hipertrofia? Antes serve de aquecimento? E se não fizer? E para
emagrecimento o que faço primeiro.
Em primeiro lugar é preciso estabelecer qual
é o objetivo do cliente. Se for emagrecimento as duas atividades são
bem vindas em qualquer ordem porque o valor nessa questão é o balanço
calórico negativo. Ou seja, a ordem é
queimar calorias. É preciso ainda lembrar que a própria musculação por
si só também emagrece contribuindo não só com a diminuição do percentual
de gordura como também o aumento da massa muscular e a explicação é
simples.
Os anaeróbios como a musculação, emagrecem
na mesma proporção. A diferença é que na hora do exercício o corpo
utiliza o glicogênio muscular como principal fonte de energia. Depois
tem que repor e vai buscar nas gorduras proporcionando o emagrecimento. O
Dr. José Maria Santarém cita: "os exercícios anaeróbios propiciam
emagrecimento no período pós-exercícios, quando toda atividade
metabólica de síntese protéica e glicídica ocorre às custas de energia
aeróbia proveniente, na sua maior parte, dos
ácidos graxos do tecido adiposo".
Outro fato é que o aumento da massa muscular
acelera o metabolismo basal fazendo a longo prazo o corpo gastar mais
energia parado. Os fisiculturistas têm um percentual de gordura tão
baixo quanto os atletas de resistência. Portanto, para
emagrecer, tanto faz o cliente ir para a esteira ou bicicleta
ergométrica antes, depois da musculação ou mesmo dividir aeróbio antes e
depois.
Agora, quando o objetivo for musculação visando hipertrofia ou desenvolvimento da força, o questionamento pode mudar. Vai depender muito da intensidade e duração da atividade aeróbia antes ou após a musculação. As pesquisas mostram resultados, até benéficos, quando essa atividade não passa de 20 minutos com uma intensidade baixa, 40 a 60% da Freqüência Cardíaca Máxima. Uma intensidade mais alta ou duração maior, a solicitação motora pode ser contraditória ao desenvolvimento da força ocorrendo o que se conhece em Fisiologia por catabolismo. Existem trabalhos comparando atividade aeróbia de 20 com 40 minutos sendo favorável à primeira hipótese.
Veja as conclusões de estudos de treinamento simultâneo citadas por Fleck, 99:
1) A força muscular pode ser comprometida, especialmente em ações musculares de alta velocidade, pela execução de treinamento de endurance de alta intensidade.
2) A potência muscular pode ser comprometida pela execução simultânea de treinamento de força e de endurance.
3) O desempenho anaeróbio pode ser negativamente afetado pelo treinamento de endurance de alta intensidade.
4) O consumo máximo de oxigênio não é comprometido pela ação simultânea de treinamento de força e endurance.
5) A endurance não é afetada negativamente pelo treinamento simultâneo.
Isoladamente esses dois tipos de treinamentos podem ser benéficos e complementares, haja vista o perfil dos triatletas da atualidade, muito mais fortes e mais rápidos com treinamento fortes de musculação e endurance.
Outro fato a ser levado em conta quanto por onde começar é a prioridade. Se o cliente gosta ou precisa mais da musculação, a seção deve começar por ela podendo inclusive o aquecimento ser feito com exercícios envolvendo várias articulações e grandes grupos musculares com cargas mais leves. Caso o objetivo seja emagrecimento a endurance pode vir primeiro.
Leverit et al, 1999, citado por Paulo Gentil na Internet concluiu em seus estudos que os iniciantes parecem sofrer menos com as possíveis variações negativas do treinamento combinado do que pessoas treinadas. Já Bell et al, 1997 deduziu que se comparados adeptos de endurance com os de musculação, o primeiro obtêm melhores resultados.
De qualquer forma, parece que o ponto onde a maioria dos estudos concorda é o volume total do treinamento. Quanto maior ou mais intenso, mais possibilidades de prejuízos levando-nos a concluir que não é nenhum crime prescrever os dois treinamentos conjugados. Mais uma vez vale o conhecimento, experiência aliados ao bom senso.
Fonte: Copacabana Runners
Nenhum comentário