Tecnologia da Avaliação Motora
Apesar dos efeitos já confirmados do
condicionamento físico, não é qualquer tipo de exercício que traz
benefícios ao paciente cardiopata. É necessário que a prescrição seja
adequada e individualizada para que o mesmo produza os efeitos benéficos
sobre o sistema cardiovascular. Após a investigação clínica, através de
dados laboratoriais e demais exames necessários a fim de se avaliar o
estado geral de saúde do paciente, a prescrição de exercício deve
abordar quatro itens principais: o tipo de exercício, a freqüência, a
duração da sessão e a intensidade do exercício.
A ergometria e a ergoespirometria, como
método de avaliação da capacidade física, contribuem para definir a
intensidade do exercício mais adequada à capacidade física do indivíduo e
embasar a progressão do exercício ao longo do treinamento. A diferença
básica da aplicação desses métodos diagnósticos na prescrição de
exercício físico está no fornecimento de uma avaliação mais precisa. A
ergoespirometria, além de possibilitar a medida direta do consumo de
oxigênio de pico, permite a determinação do limiar anaeróbio e o ponto
de compensação respiratória, que são extremamente importantes na
prescrição do treinamento físico para o paciente cardiopata. No caso da
ergometria, o consumo de oxigênio de pico é calculado e não medido,
enquanto o limiar anaeróbio e o ponto de compensação respiratória não
podem ser determinados. Portanto, a falta de uma avaliação
ergoespirométrica não é impeditiva, mas, sem dúvida, restritiva na
programação de treinamento físico para o
paciente cardiopata. Em geral o exercício físico que comprovadamente
promove prevenção e melhora de doenças cardiovasculares são os
exercícios aeróbios que envolvem grandes massas musculares, movimentadas
de forma cíclica, de baixa a moderada intensidade, realizada com
freqüência de 3 a 5 vezes por semana, por um período de tempo mais
longo, entre 30-60 minutos.
Em relação a estes dois tipos de
métodos de avaliação para a prescrição de exercício foi realizado um
estudo em nosso laboratório com indivíduos saudáveis, comparando o
percentual da freqüência cardíaca máxima atingida e do consumo de
oxigênio estimado (prescrição indireta) adquiridos no teste ergométrico
convencional, com a freqüência cardíaca e o consumo máximo de oxigênio
ocorrido no limiar anaeróbio e ponto de compensação respiratória
(prescrição direta). Neste estudo ficou evidenciado que a faixa ideal de
intensidade de exercício físico era superestimada quando se utilizava o
teste ergométrico convencional e que essa distorção era maior quanto
menor a capacidade funcional dos pacientes. Portanto, a realização do
teste ergoespirométrico deve ser indicada sempre que possível, evitando
assim, que o exercício seja realizado em alta intensidade, desencadeando
uma maior acidose metabólica.
Portanto, a avaliação funcional pela
ergoespirometria deve ser o método de escolha. No entanto, isso não
impede que a prescrição de treinamento para o paciente cardiopata seja
realizada com o teste de esforço convencional, utilizando-se a medida
direta de freqüência cardíaca, registrada pelo eletrocardiograma no
repouso e no pico do exercício, a partir de cálculos indiretos ou de
fórmulas.
Fonte: Area de
Treino
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